2º Sigilo de 100 anos é derrubado – Uso do cartão corporativo por Bolsonaro
- Nenhum comentário
- Destaques
Nesta quinta-feira (12), a Secretaria Geral da Presidência da República tornou públicos os gastos do Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), conhecido como cartão corporativo dos ex-presidentes . Segundo os números disponibilizados, os gastos do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) chegaram a R$ 27,6 milhões.
As informações foram apuradas pela agência de monitoramento de dados públicos, ‘Fiquem Sabendo’, especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).
Embora Bolsonaro fizesse questão de afirmar que não usava o cartão corporativo ao longo do seu mandato, a quebra do sigilo mostrou o contrário. Em uma entrevista à Jovem Pan chegou a dizer “Nunca gastei um centavo, eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar Itubaína, mas nunca usei”, disse Bolsonaro.
A panilha apresenta 59 modalidades de despesas pagas com o cartão por Bolsonaro. As hospedagens em hoteis de luxo se destacam por terem consumido um montante maior de recursos. Ao todo, R$ 13,6 milhões foram utilizados para o pagamento de hospedagens.
Com diárias que variam de R$ 436 a R$ 940 por noite, o hotel de luxo Ferraretto Hotel, em Guarujá (SP), recebeu um valor de R$ 1,46 milhão ao longo dos 4 anos. Montante seria suficiente para mais de 2,9 mil diárias (com base de cálculo na média entre os valores das diárias).
As notas fiscais de despesas com hospedagem, variam entre R$ 115 mil e R$ 312 mil. Outo gasto que também chama a atenção na lista de gastos expressivos, e a presença de um restaurante Sabor de Casa, de Boa Vista, em Roraima, com uma nota de R$ 109 mil, o estabelecimento que fornece marmitas promocionais a R$ 20 e também faz entregas.
A nota fiscal é de 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro estava na cidade para verificar a situação de refugiados vindos da Venezuela. O mesmo local recebeu dois pagamentos – de R$ 28 mil e R$ 14 mil – em setembro do mesmo ano.
Também foram gastos quase oito salários mínimos de uma única vez em panificadora. Por 20 vezes ao longo do mandato de Bolsonaro, foram realizados gastos significativos em uma das filiais da padaria carioca Santa Marta. As notas fiscais variam de R$ 880 (menor valor) a R$ 55 mil (maior valor), com média de R$ 18 mil. Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo da presidência. Um dos gastos – de R$ 33 mil – foi no dia 22 de maio de 2021, na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro.
A divulgação dos dados do cartão corporativo da presidência devem jogar luz sobre as reais despesas com as motociatas. Por exemplo, entre os dias 9 e 10 de julho de 2021, Bolsonaro esteve na Serra Gaúcha e em Porto Alegre – onde foi seguido de moto por apoiadores. Nesses dois dias, foram gastos R$ 166 mil no cartão corporativo, em 46 despesas, concentradas em hospedagem, alimentação e combustível.
Os gastos em viagens internacionais não constam na base de dados. É o caso das despesas entre 18 e 19 de setembro, em Londres, durante o funeral da Rainha Elizabeth.
Em cinco sorveterias foram feitas 62 compras, que somaram R$ 8,6 mil. Em uma única vez foram gastos R$ 540.
Apesar da divulgação e destinos dos gastos, ainda é cedo para dizer se os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo são maiores ou menores que os feitos pelos antecessores. Os dados agora divulgados apontam para R$ 27,6 milhões em despesas nos quatro anos, mas os valores totais podem ser maiores, uma vez que um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou R$ 21 milhões com o cartão da presidência apenas nos dois primeiros anos de mandato de Bolsonaro.
Veja os gastos de todos os presidentes com o cartão corporativo desde o 1º mandato de Lula
Valores corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)
– Lula gastou R$ 59.075.679,77 no 1º mandato
– Lula gastou R$ 47.943.615,34 no 2º mandato
– Dilma gastou R$ 42.359.819,13 no 1º mandato
– Dilma/Temer gastaram R$25.482.904,75 no 2º mandato
– Jair Bolsonaro gastou R$32.659.369,02 no mandato
Os gastos com cartão corporativo de Bolsonaro têm valor menor que os do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua duas gestões anteriores. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) , durante seu primeiro mandato, também gastou mais que Jair .
O ‘Cartão Corporativo’ foi instituído por decreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) , em 2001 para:
Atender a despesas de pequeno vulto (aquelas que não ultrapassem o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002);
Atender a despesas eventuais, como viagens e serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
Executar gastos em caráter sigiloso