Movimento luta pela soberania popular na mineração
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Entre os dias 18 e 21 de maio Parauapebas sediou o I Encontro Nacional do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM). O evento contou com participantes de vários Estados brasileiros e uma programação com palestras, debates e interdição da portaria de acesso à Carajás, realizada na manhã desta segunda-feira (21a).
“Eu prezo pela soberania popular na mineração, tendo em vista que nós somos frutos de um processo escravatório, ali na região da Chapada dos Veadeiros, e vivemos o tempo todo escravizados e não tínhamos oportunidade de se quer dar um palpite com o que seria feito com o minério da nossa região. Então nós queremos dizer um não à isso e queremos pautar e decidir o que será feito com o nosso minérios”, destacou um dos participantes do evento, Luan Ramos, do MAM de Goiás.
A presidenta da CUT de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, destaca o evento como uma importância real na organização da classe trabalhadora para combater o sistema mineral perverso no Brasil, “esse encontro é fenomenal, por que ele é uma resposta concreta à todo esse esquema do poder econômico de exploração predatória dos nossos minérios”.
“Quando as mineradoras querem aumentar sua taxa de lucros, eles diminuem por exemplo os investimentos em segurança operacional, que foi o caso da Samarco em Minas Gerais, negligenciando direitos essenciais”, afirmou Beatriz durante o evento ao denunciar a exploração sofrida pelos trabalhadores do setor da mineração.
Histórico
A construção de um movimento que pretende popularizar as decisões sobre a mineração no Brasil é algo histórico, sobretudo pelo lugar que a mineração ocupa na nossa formação econômica e social. A contínua contradição da mineração em nosso país já foi interpretada pelo pensamento clássico brasileiro, que juntamente com o pensamento político revolucionário nos ensina que o método para analisar esta conjuntura é a própria realidade mineral do país. Uma organização só existe de fato se ela for a expressão da realidade em movimento que ela está inserida e que pretende transformar.
E por que esta emergência histórica acontece no tempo presente e não antes? São mais de 400 anos de mineração no Brasil, divididos em dois grandes ciclos temporais: o período colonial, centrado na exploração de ouro e pedras preciosas, e o que se inicia em meados do século XX, tendo o minério de ferro como principal minério a ser extraído e exportado. Em nenhum desses momentos o povo brasileiro obteve êxito em imprimir um maior controle sobre a extração de um dos mais estratégicos bens naturais do país: os minerais. A exploração aconteceu e acontece de modo subordinado, inserida na lógica do capitalismo dependente, que coloca o Brasil como exportador de matérias-primas comprometendo a nossa soberania de diferentes maneiras.
Toda tentativa de transição de uma cultura colonial para a formação de uma nação democrática e soberana foi aniquilada pela mentalidade entreguista da burguesia conservadora e subserviente ao mercado internacional. Esse cenário controlado por essa formação traçou um sentimento contra a população, em geral antinacional, antissocial e antidemocrático, como chamou atenção Florestan Fernandes no seu livro a “Revolução Burguesa no Brasil”.
Os elementos históricos da formação econômica e social brasileira são, também, decisivos para compreendermos a concepção do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que busca e projeta ideias de mudanças estruturais da nossa sociedade. E isto só será possível se a construção passar por um sujeito político coletivo, atuando para frear o livre arbítrio do capital sobre os minérios, o que conjuntamente pode mobilizar uma série de mudanças sociais que estão ligadas a esse processo de saque e espoliação.
Com informações do site do MAM Nacional