Seleção Brasileira empata, mas defesa convence

Seleção Brasileira mostra solidez defensiva na estreia de Ancelotti

A tão esperada estreia de Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira não trouxe a transformação imediata que parte da torcida imaginava, mas apresentou sinais de evolução importantes. No empate sem gols diante do Equador, em Guayaquil, a equipe mostrou uma postura defensiva sólida e organizada, algo raro nas últimas apresentações do time. Em um ciclo repleto de incertezas e recomeços, o desempenho diante de um adversário tecnicamente competitivo ofereceu mais do que apenas um ponto na tabela: trouxe esperança de reconstrução com base no equilíbrio.

Apesar da ausência de brilho ofensivo e dos problemas crônicos na construção das jogadas, a atuação defensiva foi motivo de alívio. Alexsandro, zagueiro do Lille, surpreendeu com uma performance madura e segura. Ao lado de Marquinhos e sob a cobertura eficiente de Casemiro, o defensor venceu duelos no alto e no chão, sendo peça fundamental na contenção das investidas equatorianas.

O esquema adotado por Ancelotti sem a bola, um 4-1-4-1 com Casemiro protegendo a entrada da área, reforçou a consistência defensiva. Vanderson e Alex Sandro foram essenciais ao fechar os espaços laterais, especialmente diante da pressão imposta pelos donos da casa, que apostaram nas jogadas pelos flancos. Mesmo diante de um gramado irregular e com desfalques importantes, como Rodrygo, Raphinha e Neymar, o Brasil não se deixou abalar emocionalmente e conseguiu neutralizar as principais armas do Equador.

Um ponto conquistado e lições importantes

Com a bola nos pés, a Seleção Brasileira encontrou dificuldades já conhecidas. Faltou aproximação entre meio e ataque, houve excesso de passes errados e o time mostrou pouca criatividade. Em um 3-3-4 com posse, Alex Sandro recuava para ajudar na saída de bola, enquanto Vanderson avançava na direita para alargar o campo. No entanto, o entrosamento limitado e o curto tempo de trabalho, apenas três treinos antes da partida, evidenciaram a limitação na construção ofensiva.

Ainda assim, o Brasil criou algumas boas chances, principalmente em roubadas de bola no campo de ataque. Vinícius Júnior teve a melhor delas, aos 21 minutos do primeiro tempo, quando finalizou após pressão na saída de bola equatoriana. Mas foram lances esporádicos em meio a um cenário de pouca fluidez.

A partida serviu também para mostrar o desafio que Ancelotti terá para equilibrar a transição defensiva com a criação ofensiva. Durante a coletiva após o jogo, o treinador italiano destacou a organização defensiva como ponto positivo e reconheceu a necessidade de melhorias com a posse. “Foi uma partida muito boa a nível defensivo. Saímos satisfeitos e confiantes para o próximo jogo”, afirmou.

Com o resultado, a Seleção Brasileira soma 22 pontos nas Eliminatórias Sul-Americanas e ocupa a quarta colocação, mas corre o risco de ser ultrapassada pela Colômbia. A delegação já retornou ao Brasil e se prepara para o próximo compromisso: um confronto direto com o Paraguai, na terça-feira, na Neo Química Arena, em São Paulo.

A expectativa é que Ancelotti aproveite os próximos treinos para ajustar o setor criativo e testar variações táticas que aproximem os meias dos atacantes. O cenário atual exige cautela, mas não pessimismo. O jogo em Guayaquil evidenciou que, apesar dos obstáculos, há espaço para evolução. E, mais importante, há trabalho em andamento.

A Seleção Brasileira não venceu, mas também não decepcionou. Ancelotti iniciou sua trajetória mostrando que milagre não se faz em três dias, mas que um novo caminho já está sendo trilhado.

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