Aurélio Goiano x Rafael/Darci – Quem foi o grande vencedor?
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A pergunta explícita no título parece absurda. Alguns desavisados vão pensar que eu estava em Marte e voltei agora às vésperas do Natal. Calma! Eu explico.
Todo mundo sabe que Aurélio Goiano venceu a disputa eleitoral de 2024 com um resultado humilhante para seu adversário. Tomará posse no dia 1º de janeiro com a marca histórica de ser o primeiro vereador de Parauapebas a sentar na cadeira do executivo e comandará um dos municípios mais ricos do Brasil. Terá a “difícil” missão de gerenciar um orçamento de $2.393.102.740,00 (dois bilhões, trezentos e noventa e três milhões, cento e dois mil, setecentos e quarenta reais).
Ele (Aurélio) venceu as eleições é claro. Mas quem venceu o processo eleitoral? Quem foi o grande estrategista? A estratégia eleitoral foi vencida por Darci José Lermen. Antes que você me chame de louco, preste bem atenção a minha linha de raciocínio.
Darci foi eleito pela primeira vez em 2004 numa disputa histórica onde desbancou a família Salmen, que todos consideravam imbatível. Uma eleição que entrou para os anais de Parauapebas como a mais empolgante e vibrante de toda a história, Darci venceu Faisal Salmen (primeiro prefeito de Parauapebas) com 63,59% dos votos. Quem se lembra da onda vermelha que tomou conta das ruas da cidade? Quem se lembra da Rua 14 que foi apelidada de Rua 13? Só para lembrar, o Chico das Cortinas que foi o segundo prefeito de Parauapebas (1993 a 1996), disputou o pleito de 2004 e obteve míseros 845 votos, equivalentes a 1,67%.
Pois bem. Na eleição de 2008 Darci foi reeleito com 57,29% dos votos contra a fortíssima candidata Bel Mesquita que também já havia sido prefeita por dois mandatos (1997 a 2004).
Nos primeiros oito anos de mandato, Darci tomou gosto pelo poder. E mais do que isso, soube como ninguém desvendar os mistérios e desejos mais profundos escondidos na alma dos eleitores. Aprendeu todas as estratégias de como permanecer no poder, como manipular a vontade do povo, como organizar as alianças e, principalmente, como fixar no imaginário popular a ideia de salvador da pátria. E ele não desejava ser deputado ou senador. Seu único propósito era ser prefeito de Parauapebas até o final de sua vida e para isso, faria tudo o que fosse preciso.
No último ano do seu segundo mandato (2012) os cidadãos mais atentos já perceberam essa estratégia. O Darci abandonou Parauapebas literalmente. Morando na Bahia desde 2011, vinha aqui esporadicamente para despachar o que era mais urgente e voltava às pressas. Parauapebas completamente jogada às traças e com a população revoltada com o prefeito ausente, cimentou o caminho para ele voltar ao poder. Parece contraditório né? Calma que você verá que tenho razão.
Finalmente chegou o pleito eleitoral de 2012 onde o povo teria a oportunidade de dar um basta nas ingerências do prefeito ausente. Você há de convir que qualquer prefeito que fica no poder por dois mandatos, fará tudo para eleger seu sucessor não é? Esse seria o normal, mas não para Darci. Conhecedor das estratégias políticas e da alma do eleitor, ele pensou diferente. Chegou a conclusão de que se elegesse um sucessor, esse teria a chance de ficar no poder por 8 anos. E nesse período, (como Parauapebas é uma cidade que mais renova sua população), ninguém se lembraria mais de Darci e ele seria esquecido como os demais prefeitos de Parauapebas que só são lembrados pelos pioneiros.
Com esse raciocínio, Darci colocou em ação o Plano Lermen. Teria que, numa tacada só apresentar um candidato para ser derrotado e eliminar seus próximos adversários do futuro. E ao abandonar a cidade e deixar num caos total de forma pensada, criaria revolta nos eleitores. E até uma criança sabe que eleitor revoltado costuma usar o fígado ao invés do cérebro para decidir em quem votar. “O mais importante é tirar a máfia do Darci do poder, então vou votar em quem tiver condições de derrotá-lo, nem que seja um velho senil” – repetia os eleitores.
E com o Plano Lermen em ação, Darci impôs o Coutinho como seu candidato. Na época, era um desconhecido e não tinha nem uma entrada no meio político. Seria o candidato ideal para perder a eleição. Tanto que Darci se empenhou ao máximo para torná-lo candidato para depois abandonar no meio da campanha. Não me pergunte como, (não falo nem sob coação), mas Darci também mexeu ou “pauzinhos” para garantir o sucesso do candidato adversário.
Agora, precisava trabalhar o plano de matar as lideranças políticas que pudessem ser uma pedra no seu sapato em 2016. E o principal adversário nessa conjuntura seria a ex-prefeita, ex-deputada federal e ex-ministra Bel Mesquita. Nesse caso, Darci precisou fazer sua principal jogada para dar um xeque mate nesse jogo de xadrez. O eleitor mais antigo e mais atento deve se lembrar da dura rivalidade entre PT (Darci) e PSDB (Bel). Era como duas torcidas fanáticas que se odiavam. Imagine se o Paysandu fizesse uma aliança com o Remo! Imagine uma aliança entre Lula e Bolsonaro! Imaginou? Pois é. Como bom jogador, o Darci convenceu a Bel Mesquita – grande liderança da época – a ser vice-prefeita do desconhecido Coutinho. Isso gerou revolta principalmente entre os adeptos de Bel. Para os adeptos do Darci, nem tanto, pois estavam em vantagem, já que uma grande liderança seria subjugada no tabuleiro político. Quem se lembra das pichações nos muros da cidade com o slogan BEL TRAIDORA? Naquele momento, o Darci estava consolidando o plano de eliminar a Bel, sua potencial adversária.
Quero deixar bem claro que em hipótese alguma, quero macular a memória póstuma da senhora Bel Mesquita, pessoa que tenho o maior respeito. Apenas tenho a obrigação de citar fatos históricos de conhecimento público e que não comprometem sua memória, já que ela foi vítima nesse jogo.
E não deu outra. O candidato Valmir da Integral (apelidado na época de Velhote), foi eleito em com 57,71% dos votos, enquanto o candidato do Darci – José das Dores Couto, o Coutinho – obteve 33,02%. Como o Darci já previa (e tinha certeza), Valmir fez um governo medíocre, desastroso. Foi um período conturbado em que a Polícia Federal não saia de Parauapebas. Vários vereadores foram presos e o próprio Valmir chegou a ser afastado pela Câmara mas não deixou o mandato.
Com esse desastre da administração de Valmir Mariano, quem você acha que voltou nos braços do povo como o Salvador da Pátria em 2016? Acertou “mizerávi”. Darci voltou e ficou por mais 2 mandatos, batendo o recorde de 16 anos como prefeito da bilionária Parauapebas.
Acho que você já entendeu né eleitor? Ou será que preciso dizer que em 2024 a história se repetiu tal e qual em 2012? Se for preciso me diga nos comentários que eu escrevo. Só mudaram os personagens.
O Plano Lermen (que o próprio Darci apelidou de Drible da Vaca Louca) deu certo por duas vezes repetindo a mesma estratégia. É como o drible do Ronaldinho Gaúcho que todos os adversários conheciam e funcionava mesmo assim. Até que um dia ficou tão manjado e não funcionou mais.
Resta saber se o Aurélio Goiano vai continuar o script como o Darci escreveu ou se vai quebrar um círculo vicioso. Resta saber se o “Doido” (como o próprio Aurélio se nomeava na campanha) vai repetir o exemplo do “Velhote” (como o próprio Valmir incorporou na campanha) ou se vai dar o “Drible da Vaca Louca no Darci. Se fizer um governo mediano, terá a chance de se reeleger e fazer o povo esquecer de vez o Darci. Mas se fizer um governo desastroso, trará o Darci de volta em 2028.
Qual a sua aposta cidadão de Parauapebas?
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