Autistas que avançam no desenvolvimento


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Apesar de muito se falar sobre autismo nos últimos anos, o nível de conhecimento da sociedade sobre esse distúrbio ainda é pequeno. É comum taxar se uma criança é autista ou não simplesmente pela aparência dela, se ela consegue falar e se deslocar sem dificuldade, por exemplo, a maioria das pessoas acha que ela não é autista.

A grande questão é que o autismo é complexo e seu diagnóstico não é simples, há crianças com grau leve que aparentemente não são portadoras do distúrbio. “Autismo vai do zero ao 200 em seus níveis”, brinca a pedagoga Adriana Mol, que tem especialização em autismo e é mãe do Vinícius Mol, que foi diagnosticado aos 14 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Segundo Adriana, a família sabia que Vinicius apresentava alguns comportamentos diferenciados, por isso sempre houve muito estímulo por parte da família para melhorar sua comunicação e interação social. Porém, só após o diagnóstico correto, foi possível direcionar melhor os esforços e Viniciuis então conseguiu deslanchar e avançar muito, “antes ele não falava com pessoas estranhas ao nosso convívio familiar, hoje ele já puxa conversa, e um meio que ele encontrou para facilitar essa comunicação foi assistindo telejornais”, informou Adriana.

A família do pequeno Arthur Luís, que tem seis anos, também é um exemplo de dedicação e empenho no que diz respeito à busca por um bom desenvolvimento do filho, que foi diagnosticado como autista quando tinha um ano e meio. “Eu tive uma noite apenas de luto, por que sabia que o Arthur precisava de mim inteira no dia seguinte”, relata Cíntia Carneiro, mãe do Arthur, ao compartilhar como se sentiu após saber do diagnóstico.

Arthur entrou na escola bem cedo, fez terapias com psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, todas essas atividades aliadas a convivência com seu irmão mais velho e a determinação da família em estimular sempre o pequeno, renderam tantos resultados no desenvolvimento do Arthur que ele não aparenta estar dentro TEA.

“Esses dias fui comprar um ingresso no cinema para meus filhos e pedi para ficar na frente da fila, nem pedi a gratuidade que ele tem direito, pedi simplesmente para poder comprar logo por que meu filho é autista e não tem muita paciência para esperar, e o pessoal do cinema não acreditou, mesmo eu apresentando o laudo dele”, detalhou Cíntia.

Já Edvânia da Silva soube recentemente que o seu caçula, Davi, de quatro anos, tem autismo, “ele falava bem, até os dois anos e meio, porém, do nada, perdeu a fala. Fomos ao médico mas me disseram que ele não falava por que não havia outras crianças perto dele para interagir. Recentemente colocamos ele na escola e com a ajuda dos profissionais de lá continuamos nossa busca e descobrimos que nosso filho é autista. Chorei muito! Mas sei dos potenciais que meu filho têm, não trato ele de forma diferente, é o meu segundo filho e sigo a mesma linha de criação do mais velho, sou firme, cobro dele e vejo como tem evoluído. Recentemente voltou a falar palavras, uma grande conquista pra mim que conversei por muito tempo com meu filho sem ouvir a voz dele. Hoje, ele vai para a escola sozinho, no ônibus escolar, e ainda me ajuda em coisas básicas de casa”.

O pai do Israel relata com orgulho os avanços do filho, “ele antes não queria nem abraçar a gente, nós o colocávamos no colo e ele ficava incomodado. Hoje, depois de várias terapias e de todo o aprendizado que obtivemos sobre autismo, conseguimos estimular ele cada vez mais. É maravilhoso poder ter meu filho no colo e poder fazer carinho nele, algo impensável até um tempo atrás”, destacou Laércio Pereira.

Arthur, Vinícius, Davi e Israel são exemplos de que quando há estímulo, a pessoa que tem TEA pode evoluir bastante. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é 2 de abril e o Portal F5 preparou uma matéria em vídeo especial para mostrar a importância dos estímulos de profissionais da Saúde e da Educação, mas principalmente da família, no sentido de contribuir com o desenvolvimento das pessoas que tem TEA.

TEA

Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou autismo, refere-se a uma série de condições caracterizadas por desafios como habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, bem como por forças e diferenças únicas. Sabemos agora que não há um autismo, mas muitos tipos, causados ​​por diferentes combinações de influências genéticas e ambientais. O termo “espectro” reflete a ampla variação nos desafios e pontos fortes possuídos por cada pessoa com autismo.

Os sinais mais óbvios do TEA tendem a aparecer entre 2 e 3 anos de idade. Em alguns casos, ele pode ser diagnosticado por volta dos 18 meses. Alguns atrasos no desenvolvimento associados ao autismo podem ser identificados e abordados ainda mais cedo. Recomenda-se que os pais com preocupações busquem uma avaliação sem demora, uma vez que a intervenção precoce pode melhorar os resultados.

O autismo

O autismo é apenas um dos transtornos que integram o quadro de TEA, definido pela última edição do DSM-V como uma série de quadros (que podem variar quanto à intensidade dos sintomas e prejuízo gerando na rotina do indivíduo).

Outros exemplos de transtornos que fazem parte do espectro –  e que anteriormente eram considerados diagnósticos distintos – são: a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento.

É importante ressaltar que se tratam de transtornos do neurodesenvolvimento, caracterizados por alterações em dois domínios principais:

  1. Comunicação e interação social.
  2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento.

Alguns fatos sobre o autismo

Institutos de controle e prevenção de doenças americanos, como o CDC Centers for Disease Control and Prevention -, estimam a prevalência do Transtorno do Espectro Autista como 1 em 68 crianças nos Estados Unidos. Isso inclui 1 em 42 meninos e 1 em 189 meninas. Esse mesmo instituto afirma que hoje existe 1 caso de autismo para cada 110 pessoas. Extrapolando esses números, estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 2 milhões de autistas. Aproximadamente 407 mil pessoas somente no estado de São Paulo

  • Estima-se que 50.000 adolescentes com autismo tornam-se adultos – e perdem serviços de autismo escolarizados – a cada ano.
  • Cerca de um terço das pessoas com autismo permanecem não-verbais.
  • Cerca de um terço das pessoas com autismo têm uma deficiência intelectual.
  • Certos problemas médicos e de saúde mental freqüentemente acompanham o autismo. Eles incluem distúrbios gastrointestinais, convulsões, distúrbios do sono, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade e fobias.

Transtorno do Espectro Autista e suas possíveis causas

Uma das perguntas mais comuns feitas após um diagnóstico de autismo, é o que causou a doença.

Sabemos que não há uma única causa de autismo. Pesquisas sugerem que o autismo se desenvolve a partir de uma combinação de influências genéticas e não genéticas, ou ambientais.

Essas influências parecem aumentar o risco de uma criança desenvolver autismo. No entanto, é importante ter em mente que o aumento do risco não é a mesma causa. Por exemplo, algumas alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas em pessoas que não têm o distúrbio. Da mesma forma, nem todos expostos a um fator de risco ambiental para o autismo desenvolvem o distúrbio. Na verdade, a maioria não.

A origem do autismo se deve a diversos fatores, englobando a relação de fatores descritos abaixo:

– Genéticos: Fatores complexos, uma vez que não há um gene específico associado ao transtorno do espectro autista, e sim uma variedade de mutações e anomalias cromossômicas que vem sendo associadas a ele. Em relação ao gênero, a proporção é de meninos 4:1 meninas.

– Neurológicos: Há maior prevalência de TEA associados a atrasos cognitivos e quadros epilepsia, por exemplo .

– Ambientais: Interação de genes com o ambiente, infecções e intoxicações durante o período pré-natal, prematuridade, baixo peso e complicações no parto são alguns dos fatores que podem contribuir negativamente.

Importância do diagnóstico precoce

A maioria dos casos ainda é detectada tardiamente. Porém, é crescente o número de estudos voltados à importância da detecção precoce. Ainda na primeira infância. Neste período inicial da vida, há alguns comportamentos que fogem ao chamado “desenvolvimento típico”, e já podem servir de alerta a familiares e profissionais da saúde.

Principais exemplos de sinais que podem ser rastreados precocemente, e servir de alerta:  

  • Dificuldade em sustentar contato visual enquanto é alimentado;
  • Ausência de resposta clara ao ser chamado pelo nome (importante descartar hipótese de perda auditiva);
  • Atraso no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal  (não apontar, não responder a sorrisos, demorar para balbuciar e falar, ou regressão de linguagem);
  • Desconforto com afagos e ao ser pego no colo;
  • Aversão ou fixação a algumas texturas, incômodos com determinados sons e barulhos, comportamentos repetitivos e estereotipados (enfileirar brinquedos, rodopiar em torno de si mesmo, balançar o corpo).

Quanto mais cedo a família e a escola forem orientadas sobre o quadro da criança, melhor será sua inserção social e aquisição de autonomia. A intervenção precoce (que pode ocorrer mesmo antes do diagnóstico conclusivo) visa estimular as potencialidades e auxiliar no desenvolvimento de formas adaptativas de comunicação e interação.

 


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