Os Vampiros de Brogodó – Parte 01


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Beto Carneiro - O Vampiro brasileiro e Os Vampiros de Brogodó

        No ano de 1924 da era do Nosso Senhor Jesus Cristo, o povo se preparava para uma nova eleição em Brogodó, uma cidadezinha enigmática, encravada nas montanhas de diamante no Estado da Pensilvânia . O nome, considerado esquisito por muitos, era uma justa homenagem ao igarapé que cortava a cidade e, outrora, servia como fonte de lazer e garantia água limpa para a população. Devido a má gestão de Brogodó, o igarapé agora era apenas um corredor de águas fétidas carregadas de clorofórmio fecal.

        Devido a grande atividade mineradora nas montanhas de diamante de Brogodó, a prefeitura tinha uma receita maior do que muitos Estados americanos. Mas, o que era para ser uma bênção, virou uma maldição para o povo brogodoense que vivia numa constante contradição. Tanta riqueza gerada e o povo vivia numa pobreza que dava dó. Eu explico essa contradição: devido as vultuosas quantidades de dinheiro gerada pela mineração, Brogodó atraiu vampiros de todos os cantos do país. Esses vampiros, disfarçados de homens de bem, descobriram um método para se revezar no poder de Brogodó e assim, sugarem todo o sangue do povo e suas riquezas.

        E o povo, de tanto ter o sangue sugado, estava apático e sem condições de reagir ao sistema implantado pelos vampiros. Alguns, até tentavam reagir, ameaçavam tomar o poder dos vampiros, mas, no final, como num encantamento vampirístico, todos agiam como bobalhões, paspalhões e acabavam contribuindo para que os vampiros permanecessem no poder. E assim, Brogodó continuava se afundando cada vez mais num círculo vicioso.

        A cada eleição, a história se repetia. Os não vampiros se uniam para expulsar os vampiros do poder. Os líderes não vampiros, espumando de ódio, prometiam vingança. “Dessa vez, vamos nos unir e botar esses vampiros ladrões de sangue para correr. Chega de roubalheira” – dizia seu Raimundo do mercadinho. “Vou votar em um cachorro, mas não voto mais nesse FDP chifrudo” – ameaçava seu Paulo da farmácia. “Agora chegou a hora do povo dar o troco. Vou botar pra torar nesses sanguessugas nojentos. Vamos nos unir meu povo. Não podemos esperar. A nossa hora é agora” – esbravejava com valentia o pré-candidato Zé Boca de Burro fingindo lacrimejar no olho esquerdo.

        Será que esse ano seria diferente?

        No fundo, bem lá no fundo, os não vampiros não tinham bons propósitos para Brogodó. Queriam apenas ocupar o lugar dos vampiros para continuar sugando o sangue do povo. E o povo? Ah, o povo! Esse era um capítulo a parte. Quando chegava o período eleitoral, aqueles que viviam ameaçando fincar uma estaca de madeira santa no peito dos vampiros, faziam filas nos comitês para oferecer seu trabalho como cabos eleitorais para ajuda-los, em troca de algum benefício ou até vãs promessas. E assim, tudo se repetia eleição após eleição.

        Já foram registrados casos em Brogodó de políticos não vampiros que conseguiram furar a bolha e chegar ao poder, mas foram mordidos pelos vampiros e se aliaram, tornando-se até piores. Mas, esse será um novo capítulo dessa história.

Parte 02 (Em breve)
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Luiz Vieira

Professor graduado em pedagogia pela UFPA, pós graduado em Ciências...


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