Os Vampiros de Brogodó – Parte 3


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Elizabete III – a Grã Marquesa

Esse é um conto de ficção. Qualquer semelhança com a realidade, será apenas coisa de sua cabeça.
A SWAT EM BROGODÓ E A ORAÇÃO DA SANTA
Era um dia de sexta-feira do mês de fevereiro de 1957 do ano do Nosso Senhor Jesus Cristo. Lembra de Brogodó? A cidadezinha encravada ao sopé das montanhas de diamante, terra que jorrava leite e mel, onde a riqueza gerada daria para enriquecer toda a população e ainda sobraria muito. Mas, como vocês já viram nos episódios anteriores (se ainda não viu, tome vergonha nessa cara e volte na primeira parte), o que era para ser uma bênção, se transformou numa maldição. A riqueza trazida pelo diamante arrancado das profundezas das montanhas de Brogodó atraíram velhos vampiros que se revezavam no poder executivo. A Côrte do Povo que funcionava como um parlamento, também teve boa parte dominada por esses vampiros e, assim, tudo ocorria dentro da normalidade vampiresca.

 

Na Côrte do Povo, havia uma cortesã que representava o povo de Brogodó com uma genialidade jamais vista. Seu nome era Elizabete III – a Grã Marquesa. Mesmo Elizabete fazendo todo tipo de tramoia e praticando todo tipo de “sem-vergonhices”, era vista por seus eleitores e simpatizantes como uma santa. Com uma voz nasal, um inglês sofrível que não conseguia pronunciar dez palavras sem atropelar o verbo e a concordância, mesmo assim, conseguia arrancar aplausos da plateia dos fiéis seguidores. Também não vamos negar. Apesar da Grã Marquesa não ser nada inteligente, tinha uma habilidade especial para seduzir, manipular e encantar sua plateia. Geralmente começava seu discurso com as palavras: “Eu como mulher, como mãe, como esposa, como cristã, como evangélica temente a Deus…” Assim, usando uma capa religiosa que agradava muita gente, Elizabete III ia enganando a quase todos. Chegou a ser chamada de Santa por muitos.

Mas, veja cara leitora e caro leitor. Nem mesmo as santas escapam das “maldades” desse povo “mal” que não respeita nem as “autoridades”. Pois bem. Naquela sexta-feira, mais uma vez a cidade de Brogodó foi visitada pela S.W.A.T. Esse órgão responsável por combater a corrupção na Pensilvânia, chegou na rica cidade dos vampiros de surpresa e foi direto para a Secretaria de Educação e para a casa do secretário José Bial. Segundo denúncias, esse órgão operava um pesado esquema de corrupção responsável pelo desvio de milhões de dólares. Também havia suspeita de rachadinha, uso político da estrutura, funcionários fantasmas e até alunos fantasmas para justificar o aumento de carga horária de alguns professores.

O Pobre secretário

José Bial

O pobre secretário José Bial ficou atônito quando recebeu os homens de preto da S.W.A.T às 6 horas da manhã. Apesar de ser o secretário de educação, o pobre coitado, homem simplório, não tinha a menor ideia da gravidade da situação. Afinal, quem mandava na sua secretaria era sua madrinha, a Elizabete III. Ela mesma. A santa, a Grã Marquesa de Brogodó. Como ela tinha cargo na Côrte do Povo, designou uma ajudante de ordens para dar os comandos na secretaria que ela comandava, mesmo a bichinha não tendo capacidade. Mas, vá lá, a menina tinha capacidade para obedecer, e isso já bastava. Nesse sentido, o pobre secretário, estava mais perdido do que cachorro quando cai do caminhão de mudança. Acompanhava a tudo trêmulo, pálido, mais branco do que uma vela.

O baculejo durou umas duas horas. Quando tudo acabou, o José Bial correu para a casa da sua madrinha Elisabete III. Essa, já sabendo do que tinha acontecido, muito nervosa, nem deixou o pobre rapaz entrar na sua casa. Do interfone, falou que estava orando e que ás 20h o procuraria na casa secreta – local bem escondido onde a Grã Marquesa guardava documentos comprometedores e alguns objetos de valor.

A santa passou todo aquele dia orando e agradecendo a Deus pelo livramento. Temia que a S.W.A.T fosse também em sua casa. Aí seria o fim. Enquanto orava, foi tratando de juntar documentos, aparelhos celulares, dinheiro… Separou tudo em uma caixa e mandou seu motorista levar para sua casa secreta onde morava um fiel escudeiro de sua inteira confiança. “Obrigado meu Deus por não ter deixado esses cães dos infernos virem em minha casa. Esse seria o meu fim” – repetia a santa com os joelhos brancos no chão.

A noite, a santa pediu ao seu esposo que ficasse em casa enquanto iria resolver uns problemas. “Meu amor, fique em casa e não saia por nada. Vou resolver aquela situação e não tenho horas para chegar. Fique de olho nas câmeras e preste atenção nas pessoas que passam em frente. Não abra o portão para ninguém” – ordenou a santa. Já no seu carro, ligou para seu namorado e combinou de encontrarem na saída da casa secreta às 21 horas. Namorado? Sim, o que você tem com isso? A santa merece ser feliz!

Às 20h, como combinado com seu pupilo José Bial, chegou à casa secreta e iniciou logo a conversa. “Meu amigo, não se preocupe. Esses cães só querem dinheiro e se for preciso, nós daremos. Não diga nada a ninguém, não fale com jornalistas, não escreva nem uma notinha. Fique calmo que eu vou resolver tudo” – ordenou a Grã Marquesa com segurança e frieza. José Bial chorou, lamentou mas, no final confiou em sua santa. Recebeu um abraço de consolo e foi pra sua casa descansar. Afinal, aquele tinha sido um dia de cão. Agora se sentia mais aliviado e seguro com as palavras da santa. Apesar do numero de documentos levados de sua casa e do seu gabinete, a santa havia garantido que o que tinha de comprometedor estava bem guardado numa caixa em lugar seguro naquela casa onde estavam.

José Bial

Como combinado, a Grã Marquesa saiu às 21h do seu esconderijo e a dois quarteirões, num ponto sem iluminação, parou seu carro para seu namorado entrar. Foram para outra casa secreta para relaxar, amar  e tomar whisky. Antes que você, leitor maldoso me questione o fato da santa tomar whisky, já que é evangélica, vou logo te adiantando: ela merece e pronto. Você não tem nada a ver com isso.

Elizabete III - a Grã Marquesa

Elizabete III – a Grã Marquesa

Extasiada, a santa voltou para casa as duas horas da madrugada onde encontrou seu marido sentado numa poltrona em frente ao monitor de 50 polegadas vigiando a rua pelas câmeras. Ordenou que ele fosse dormir no quarto de hóspedes pois estava muito exausta e precisava ficar sozinha. Entrou para seu quarto e dormiu como um anjo. Ou melhor: como uma santa.

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Luiz Vieira

Professor graduado em pedagogia pela UFPA, pós graduado em Ciências...


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