Como Se Eleger a Prefeito e Se Perpetuar no Poder – Parte 01-03
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O sonho de 10 entre 10 políticos é se eleger a um cargo executivo e se perpetuar no poder. Em cargos legislativos como vereador, deputado e senador, isso é possível. Já no executivo (prefeito, governador ou presidente), só pode se reeleger uma vez. Daí, o ex tem que esperar quatro anos para tentar novamente uma nova eleição para o mesmo cargo.
Aqui, vou tratar apenas de prefeito. Para governador e presidente já é outra história, pois o buraco é mais em cima. Esse método de milhões que vou ensinar gratuitamente, só vale para prefeito, principalmente de cidades pequenas, interioranas, onde o povo está mais suscetível as manobras políticas.
Pegue um copo d’água, sente-se confortavelmente que agora vou incorporar o espírito de Nicolau Maquiavel que vai me soprar no ouvido esquerdo essa importante e diabólica lição.
Vou saltar a parte da sua primeira eleição para prefeito, pois essa eu cobro muito caro. Agora que você já se elegeu a prefeito de um município qualquer desse interior do Brasil (e não me interessa os métodos que você usou para isso), vem o seu grande desafio. Governar bem o município? Que nada! Relaxa! O povo geralmente não está muito preocupado com esse detalhe da boa governabilidade. No fundo, bem lá no fundo, o eleitor elege alguém que na média se pareça com ele, com todos os seus vícios e defeitos. E o que esse eleitor quer? Mesmo que ele (o eleitor) grite aos quatro ventos que quer educação, saúde, saneamento e outras cositas mais, na verdade, tudo o que ele deseja é um afago, um agrado e algumas promessas de favorecimento pessoal.
Então, prefeito, anote aí sua principal prioridade depois de eleito: garantir desde o primeiro dia de mandato a sua reeleição. E para alcançar esse objetivo, você tem que mandar seus escrúpulos às favas. A primeira tarefa é se livrar dos seus amigos e parceiros que te ajudaram na eleição. Esses, são metidos a honestos e, no primeiro vacilo que você der, no primeiro desviozinho de uma merreca, vão te denunciar ou te chantagear. Trate de arranjar novos parças, ou melhor, novos cúmplices. Se “ajunte” a lobistas, principalmente que moram longe de sua cidade e que tenham esquemas com Brasília e tenha alguma influência no judiciário. Com toda certeza, você vai precisar.
Pausa. Respire! Não fique nervoso(a). (Lembre que quem está falando é Maquiavel e não Luiz Vieira).
Com esses novos aliados (ou cúmplices), faça acordos diversos, mas deixe sempre uma ponta amarrada. Mantenha essa gente comprometida e envolvida com você. Grave conversas, promova festas do cabide com muito whisky e garotas animadas, filme tudo e guarde a sete chaves. Se algum dia um desses cúmplices mostrar os dentes, esfregue na cara dele o segredo mais sórdido e logo ele vai botar o rabinho entre as pernas e recolher os caninos. Assim, você manterá o poder e seu mandato transcorrerá na mais perfeita ordem.
Ah, com esses novos aliados (cúmplices), promova todo o tipo de falcatrua. Afinal, você precisará de muuuito dinheiro para sua reeleição. Ou você pensa que aquele bando de eleitores e lideranças políticas que você convenceu a votar e trabalhar na sua campanha de graça vai cair de novo no seu conto de sereia? Agora, cada voto valerá muito dinheiro. Cada apoio será mais caro que a fórmula da eterna juventude. Mas, faça as falcatruas com presteza. Traga de longe um especialista em transformar licitações fraudulentas milagrosamente em processor transparentes e sem vícios. Distribua contratos (na saúde e nas obras públicas estão os melhores), chame uma grande companhia para cuidar da limpeza urbana, contraia empréstimos em bancos, faça os cambaus. Só não te recomendo a usar verba federal, pois de vez em quando, costuma dar BO. Mas, faça tudo isso de maneira que você não se envolva.
Não deixe rastro, nada de mensagens, nada de ligações. Trate de tudo pessoalmente com seus aliados e bem longe do seu município. Seu nome tem que estar mais limpo do que toalha de sacristia. Não se afobe e não se empolgue. Se algo acontecer, você não precisa ter vergonha de colocar a culpa em algum dos seus secretários ou mesmo no empresário que você confiou. E eles cairão nessa teia que você armou e nada poderão fazer, a não ser se debater.